quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Portal Cabo.Cabo de Santo Agostinho. Bacamarteiros

BACAMARTE: O TIRO DA PAZ EM RITIMO AO ESQUECIMENTO

O Povo do Cabo de Santo Agostinho Não pode esquecer suas culturas suas raízes esta historia nos faz lembrar dos tempos áureos da nossa cultura nativa onde ainda hoje persiste com muito trabalho de poucos onde por falta de incentivo podemos perder este belo espetaculo de cultura Acordar para as coisa da nossa terra faz parte do Portal Cabo trazendo aos mais íntimos brios de um Coração Cabence


Zé da Banha e a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo na década de 1960.

Muitas são as especulações em torno da origem do Brinquedo Bacamarte. Concentra-se, com mais rigor, a versão de que a brincadeira tem origem nas comemorações dos que voltaram da genocida Guerra do Paraguai. Com relação à arma grande parte dos pesquisadores opina que tem sua versão original no Clavinote holandês do séc. XVII ou na Granadeira do Sistema Miniée francês, de meados do séc XIX.A arma é citada em Os Sertões, por Euclides da Cunha, como parte do arsenal bélico dos “fanáticos” na histórica e altiva Canudos do beato Antônio Conselheiro.Em 1966, o I.J.N.P.S. publicou, de Olímpio Bonald Neto, o livro Bacamarte, Pólvora e Povo, pelas Edições Arquimedes – RJ, desencadeando debates e estudos sobre o assunto.



Depois de longo período de ações espontâneas, às vezes de até um único indivíduo, surgiram grupos no sertão do estado, vindo a predominar, motivados pela vocação artesanal e comercial, na Princesa do Agreste, como é conhecida a cidade de Caruaru. Estima-se que em 1930 cerca de 600 homens foram vistos, “vestidos de mescla azul, alpercatas e chapéus de palha quebrados na testa”, desfilando “pela rua da Matriz, sob o comando do fazendeiro Antônio Martins, então apaixonado pelos tiros no Monte Bom Jesus”, nos relata Olímpio Bonald.


Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, fundada em 1 de maio de 1966.

Nos comunga a pesquisa supracitada que “José Martins Filho, descendente de grande fazendeiro da região” agrestina “desde criança ouvia os mais velhos referirem-se aos atiradores de João Barbosa, avô do cap. Eliel, que viveu entre os fins do século XIX e os primeiros decênios do século XX”.
Muito estreita é relação do brinquedo com o misticismo religioso e, tanto em juazeiro quanto em São Severino dos Ramos, “os romeiros detonam as suas armas saldando dívidas de saúde ou de fortuna”. Grande parte dos grupos cumpre ritual religioso de apresentação das armas em frente a igrejas e de saudações aos santos padroeiros ou festejados.Muitos líderes e atiradores marcaram presença em suas estâncias tornando-se vultos das histórias oral e escrita dos povos, como o cap. Eliel do 333 e o major Emídio do Ouro do Batalhão Independente, que substituiu o cap. Eliel quando este se ausentou, forçado pela sina malograda dos retirantes em busca da sobrevivência, para terras que não a sua.Encurtando a história, de forma espontânea e como se a compensar os infortúnios e desilusões do até hoje ultrajado povo brasileiro, a brincadeira chegou ao séc. XX, ocupou espaços urbanos, como o Sítio da Trindade, o Caxangá Golf Club, o Pátio de S. Pedro...



E, como pólo industrial em ascensão desde a década de 1950, o Cabo, a partir do encontro de sete emigrantes sertanejos e agrestinos e um cabense, iniciou-se o grupo no município, formando a primeira Sociedade de Bacamarteiros enquanto pessoa jurídica em 1º de maio de 1966, existente até hoje. Além desses aspectos de organização, como o estatuto e a orientação regimental, o Cabo inovou com suas armas niqueladas e um corpo de enfermagem para atendimento de primeiros socorros.


A Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, comandada à época pelo torneiro mecânico Zé da Banha, se tornou um dos maiores grupos do estado e efetivou participação de destaque nos festejos juninos de toda região metropolitana, principalmente na capital.
É importante lembrar que, antes do Zé da Banha, muitos bacamartistas isolados detonaram suas riunas no nosso território, tendo na figura de Manuel Pão sua maior expressão, remontando os idos de 1870, como foi resgatado pelo historiador Israel Felipe no Arquivo Público – imprensa oficial, Recife, 1962, pág. 244, e publicado na sua minuciosa História do Cabo.

Infelizmente, no ano passado, cinco pessoas atiraram nos Trens do Forró em detrimento da tradicional Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, que depende desses contratos sazonais para garantir o desenvolvimento do grupo. Exclusão como aquela nos tira do pário de pujança onde estivemos e que hoje se reserva a grupos de municípios sensíveis a causa da cultura nacional.


Este ano a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo abriu a maior festa da cultura regional, a Festa da Lavadeira, participou da organização e vai compor o Encontro de Bacamarteiros do Recife, promovido pela Fundação de Cultura, do Encontro de Bonito, de Moreno e de Abreu e Lima.
A pesquisa para elaboração deste texto foi feita na obra Bacamarte, Pólvora e Povo de Olímpio Bonald Neto. Prof. Ivan Marinho: Presidente da Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, artista plástico, assessor técnico da secretaria de cultura do Cabo, e produtor cultural. ivanmarinhofilho@gmail.com NA PISADA DO BACAMARTE O encontro de quatro grupos de bacamarteiros no ano de 2007 (Cabo, Abreu e Lima, Tamandaré e Bonito), apoiado pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife, no evento intitulado Na Pisada do Bacamarte, trouxe à tona a importância do brinquedo e as discussões sobre seu estado atual e estratégias para seu fomento e desenvolvimento. Naquele mesmo ano foi aceito um anti-projeto de pesquisa que trata da cadeia produtiva e das relações institucionais do Bacamarte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) através da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), garantindo uma vaga no curso de Economia da Cultura.

O encontro teve cobertura dos principais jornais do estado e da mídia televisiva e de rádio.
Além disso, alguns grupos começaram a se reunir sistematicamente, no sentido de organizar a Federação Pernambucana de Bacamarte e está sendo apresentado no FUNCULTURA o projeto de Encontro Pernambucano de Bacamarte. Este ano o evento acontecerá a partir das 15 horas do dia 18 de junho, quarta-feira, quando sairá da Praça Maciel Pinheiro em direção ao Marco Zero (pela r. da Imperatriz e Nova) e contará com a participação dos grupos de Bonito, Cabo, Abreu e Lima e Cupira. O brinquedo tem caráter inclusivo, atingindo desde as crianças como os velhos e, alguns dados ainda empíricos, fazem notar seu crescimento em número e qualidade nestes últimos anos.

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