quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Portal Cabo. Roda de Coco em CD. Cabo de Santo Agostinho.


Um dos ritmos populares mais tradicionais do Cabo de Santo Agostinho agora está em CD



Diante da beleza de sua dança e da força dos seus versos, muitos folcloristas traçaram definições a respeito do coco. A maioria concorda que ele foi primeiramente um canto de trabalho dos tiradores de coco, e que somente depois transformou-se em ritmo dançado. Uns afirmam que ele nasceu nos engenhos, indo mais tarde para o litoral, e espalhando-se posteriormente nos ambientes mais chiques. Outros, no entanto, dizem que ele é essencialmente praieiro, devido à predominância da vegetação de coqueiros encontrados nesta região.

Em relação ao Estado nordestino no qual teria nascido o coco a discordância ainda é maior. Alagoas, Paraíba e Pernambuco alternam-se nos textos existentes como prováveis "donos" deste folguedo. Mas afinal, qual seria realmente o seu local de origem ?

Eis aí uma lacuna a ser preenchida por aqueles mais curiosos, interessados e com espírito descobridor. No meio de tantas dúvidas, uma coisa é certa: o coco tem origem é no povão!

Sobre a sua forma de expressão, os pesquisadores 'definem' muitos 'tipos' de coco. Não seria muito confiável uma classificação diante da diversidade descrita por eles. O que observamos é que as variações do folguedo ocorrem pelas mudanças de nomenclatura de uma região para outra, por algum aspecto na dança e, principalmente, pela diferença na métrica dos versos que são cantados.

Contudo, de maneira geral, o coco apresenta uma forma básica: os participantes formam filas ou rodas onde executam o sapateado característico, respondem o coro, e batem palmas marcando o ritmo. Muito comum também é a presença do mestre "cantadô". A festa sempre inicia quando ele "puxa" os cantos, que podem ser de improviso ou já conhecidos pelos demais.
coco de roda

O coco pode ser dançado calçado ou descalço. Ele não possui vestimenta própria. Para participar, as pessoas utilizam qualquer tipo de roupa.
Este folguedo, aparentemente, não possui datas fixas para sua realização, ocorrendo em qualquer época do ano, embora seja mais facilmente encontrado no período junino.

Em seu aspecto musical, os instrumentos de percussão são predominantes. Ganzás, bombos, zabumbas, caracaxás, pandeiros e cuícas são os mais encontrados nas descrições dos folcloristas. No entanto, para se formar uma roda de coco, não é necessária a presença de todos estes instrumentos. A brincadeira muitas vezes acontece apenas com as palmas ritmadas dos seus integrantes. Dentre suas características mais gerais podemos destacar o seu espírito comunitário. Em um clima de muita alegria, homens, mulheres, crianças, de qualquer classe social, cantam, dançam e misturam-se sem nenhuma distinção.

No que se refere às suas influências étnicas, a presença africana é clara, principalmente no ritmo, e em certos movimentos da dança. Encontra-se também uma forte contribuição indígena observada nos movimentos coreográficos, pois tanto a roda como a fileira são heranças dos nossos nativos.


Um dos ritmos populares mais tradicionais do Cabo de Santo Agostinho agora está em CD. Já está a venda a Coletânea Encontro Pernambucano de Coco – vol.1, gravada durante o 7º Encontro Pernambucano de Coco, em 2005.
“O projeto tem como objetivo documentar os grupos participantes do festival, como uma forma de catalogação musical; preservação da imagem, música e manifestação cultural; proporcionando visibilidade aos grupos e oportunizando o acesso à cena musical”, explica Marcos Moraes, idealizador do projeto.

Produzido pelo Centro Cultural Farol da Vila (CCFV), o projeto conta com 12 faixas de artistas como Selma do Coco, Dona Célia Coquista e as Filhas de Baracho, Coco de Umbigada, Lia de Itamaracá, Samba de Coco Raízes de Arcoverde, Fethxa, Coco Popular de Aliança, Boi Estrela, Coco do Mestre Dié, Coco Renascer, Toadas de Pernambuco e Coco do Mestre Goitá; e representa a a preservação e memória da cena do coco de roda pernambucano, incentivado pelo Funcultura-PE. Em 2007, o projeto foi selecionado pelo BNB Cultural 07/08, e possibilitou a produção de 2.500 cópias e a produção final do disco. O encarte tem um detalhe à parte, pois descreve o perfil cultural de cada um dos 12 grupos participantes do projeto, possibilitando o uso didático do conteúdo por alunos das escolas públicas da região.

O trabalho de produção textual e pesquisa foi realizado por Teresa Soares e Monaliza Brito, em parceria com o CCVV.
Pioneiro na defesa do coco como movimento de cultura popular, o Encontro Pernambucano de Coco, vem sendo realizado em Pontezinha há dez anos. Extrapolando esse espaço, as oficinas culturais do projeto, se deslocaram do festival para, em abril de 2008, formar suas primeiras turmas em Pontezinha, divididas em três áreas: artesanato; percussão; e dança e musicalidade. As oficinas tiveram a duração de nove meses. A documentação completa dos shows formou um banco de áudio dos grupos que já contém 03 volumes gravados ao vivo nos anos de 1995, 1996 e 1997. O projeto contou também com o apoio da empresa pernambucana Credimóveis Novolar.

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