quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Portal Cabo.Emergências culturais no Cabo de Santo agostinho

Por Ivan Marinho

Até os idos de 1950 o Cabo era tido como uma cidade boêmia, efusiva em suas iniciativas artístico-culturais, como a Filarmônica XV de Novembro e o Grêmio Literário… O tempo passou e nos perguntamos: O que somos agora? O que vêem quando olham para o sul da capital além das riquezas do Porto de Suape e do turismo em Porto de Galinhas e, futuramente, no Paiva?

Temos um potencial cultural latente que precisa ser explorado, sob pena de nos tornarmos passivos consumidores da produção externa, como advertia o genial Celso Furtado. E isso não é compatível com uma cidade que deu a luz, e teve a luz, de um Zeca Plech, um Théo Silva, um Cabo Chico, um Zé da Banha, um Dié, uma Celina de Holanda, Israel Felipe, Barreto Júnior, Manezinho Araújo, Miro de Oliveira… pra citar alguns do nosso passado. E digo passado, porque parece que os esquecemos. Talvez precisemos nos lembrar até do que está do nosso lado, no presente, ainda, como o imortal da Academia Pernambucana de Letras, o Dr. Milton Lins, o presidente da editora Massangana da FUNDAJ, o escritor Mário Hélio (um paraibano-cabense), o dramaturgo Luiz de Lima Navarro, entre tantos.

Acredito, pelas conversas que tive com o prefeito Lula Cabral, que, se reeleito, apontará, entre as prioridades, as ações que favoreçam o fortalecimento de nosso patrimônio imaterial. Recomendou-me a reativação do Conselho de Cultura, criado na minha gestão como diretor de cultura e inativo na gestão de Willams Santana, como porta para a discussão dos problemas municipais nesta área.

A partir da reativação do Conselho de Cultura, abriremos espaço para discutir e eleger prioridades, como, a meu ver, a da criação emergente da Lei de Incentivo à Cultura do município, na seqüência da assinatura do Protocolo de Adesão ao Sistema Nacional de Cultura, que viabilizará a captação de recursos dos programas públicos nacionais.

Portanto, precisamos da participação ativa dos munícipes nesse processo de organização das políticas públicas direcionadas à cultura, a fim de que possamos, a exemplo dos grandes centros de produção cultural, como parece ser nossa vocação, buscar um consenso de intenções, contribuindo para o bem-estar coletivo a partir do desenvolvimento do que hoje se denomina de pertencimento, evitando o impacto negativo que costuma acompanhar as explosões de crescimento econômico.

Ivan Marinho é professor, pós-graduando em Economia da Cultura e Assessor Técnico da Secretaria de Cultura na PMCSA.

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