sábado, 21 de junho de 2008

SUCESÃO NO CABO

SUCESSÃO NO CABO:
Postulante a vice rompe com Lula Cabral após intervenção no partido

Presidente do Conselho de Pastores, Alandreck Caetano disse não aceitar a destituição da diretoria do PRB, atitude que considerou ditatorial. Intervenção teria envolvido até o vice-presidente da República, José Alencar.

Por José Ambrósio

A dinamicidade da política é tamanha a ponto de fazer com que em pouco mais de dois meses e meio o pastor evangélico e presidente municipal do PRB do Cabo de Santo Agostinho, Alandreck Caetano, passasse de postulante a vice na chapa de reeleição do prefeito Lula Cabral (PTB) à condição de ferrenho crítico de sua política, que classificou como sendo “castradora”, em entrevista ao Jornal da Calheta, da Rádio Comunitária Calheta FM, na quinta-feira (19).

A ruptura se consolidou uma semana antes, quando foi destituído da presidência do PRB e toda a diretoria por determinação direta do vice-presidente da República, o correligionário e presidente de honra do PRB, José Alencar, em atenção a pedido do prefeito Lula Cabral, conforme denunciou. Dois dias antes, o PRB havia sido relacionado entre os partidos da base de sustentação do candidato adversário, o ex-deputado estadual Betinho Gomes (PSDB), durante a convenção.

“Meu grande pecado foi ter colocado meu nome à disposição para ser vice com o respaldo de 60 líderes evangélicos como Erivaldo, Valderedo e Rômulo”, considerou Alandreck, que é também presidente do Conselho de Pastores do Cabo, admitindo, constrangido, que o gesto praticado no dia 2 de abril não recebeu nenhuma atenção do prefeito. “Então o prefeito, que considerava ter o controle do partido, sentiu esse controle se perdendo e resolveu, sem conversar, agir por cima, desmantelando o partido”, disse, contrariado.

“Dois anos de trabalho foram por água abaixo. Não faço mais parte do PRB, que foi puxado pelo governo municipal com sua política castradora, e o PRB está sendo lançado obrigatoriamente a se coligar com o PSB”, lamentou, informando que para mobilizar “o mais alto escalão da política do país” o prefeito articulou-se com o ministro de Relações Institucionais, José Múcio (PTB).

LEI DO SILÊNCIO – Alandreck Caetano disse que esses fatos entristeceram os líderes evangélicos, que como destacou, perceberam que “não há possibilidade” de discussão na cidade. “Está todo mundo calado, porque tem uma única diretriz, a censura, a lei do silêncio, mas vamos dar resposta aos que acreditavam na proposta, a partir do meu nome na vice”, afirmou, antecipando não ser candidato a nada e a sua desfiliação do partido, que disse tratar-se de uma questão de honra. “Não aceito a atitude ditatorial”, protestou.

E a contrariedade do líder evangélico era tanta que ele revelou declaração recente que atribuiu ao secretário de Articulação Política da Prefeitura, Josadac Miguel. “Em reunião de pastores, Josadac disse: ‘qualquer movimento, seja de pastores, seja de entidades que se levantar contra o governo, nós vamos cavar um buraco, coloca dentro, colocar uma pá de cal e enterrar’. Isso entristeceu muito os pastores”, asseverou, dizendo não temer a revelação por confiar em Deus.

“Acredito na força da liberdade e na livre expressão. Deus está à frente dos que lutam pela liberdade e pela justiça. Que possamos ser livres para decidir de forma plena”, completou. A Secretaria de Comunicação da Prefeitura não atendeu às ligações do jornal Tribuna Popular para que alguma autoridade se pronunciasse sobre as declarações do pastor Alandreck Caetano.

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