sexta-feira, 4 de abril de 2008

Médicos do Cabo protestam e ameaçam exoneração coletiva

Médicos do Cabo protestam e ameaçam exoneração coletiva
03/04/2008


Após decidirem em assembléia realizada na última segunda-feira, 31, no Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), os médicos do Cabo de Santo Agostinho realizam desde a última terça-feira, dia 01, uma paralisação de advertência. Eles reivindicam a equiparação do salário-base dos diaristas com o dos plantonistas e melhores condições de trabalho.
De acordo com a categoria, todos os Postos do Programa de Saúde da Família (PSF) do município e cerca de 80% dos ambulatórios estão paralisados desde a última terça-feira. Durante esse período, a categoria médica atendeu apenas aos casos mais graves que chegam às emergências das unidades de saúde.



Em protesto contra as atuais condições de trabalho e defasagem dos salários, os profissionais de saúde distribuíram, durante o dia de hoje, panfletos e colocaram faixas para demonstrar a indignação da classe. Os panfletos distribuídos denunciam: “Cabo ficará sem médicos!” e relatam ainda que a imensa maioria dos Postos de Saúde da Família possui uma estrutura defasada. Faltam água e higiene, não tem segurança, falta material de curativos e medicação. E para piorar a situação, faltam médicos. “Das 39 equipes do PSF, 15 já se encontram sem médicos e os demais pretendem sair. Os profissionais pedem demissão, pois a defasagem salarial é grande, e por isso, ninguém quer trabalhar. O salário liquido é de R$ 3.300, para uma carga horária de 40 horas semanais. Quase o valor de um plantonista (que trabalha 24 horas)” alerta o médico Renato Freitas, que trabalha no PSF do Cabo há 3 anos. Renato expõe o panfleto, onde acusa ainda que: “Os médicos diaristas também estão indignados com o descaso dessa gestão. A prefeitura do Cabo de Santo Agostinho tem recursos financeiros, porém se recusa a repassar para os médicos o que lhe é de direito. A Prefeitura pode não precisar dos médicos, mas o povo precisa!”, ressalta.

O médico alerta ainda que as emergências podem ficar sobrecarregadas, por conta da paralisação dos PSF’s e dos ambulatórios. “Há também a possibilidade de uma exoneração em massa, dos 26 profissionais do PSF e mais os médicos dos ambulatórios e das áreas rurais do município” afirma Renato. “Está circulando, inclusive, uma carta expondo a intenção de uma exoneração coletiva. Ou entramos em greve ou pedimos exoneração. Tudo isso será decidido amanhã durante a reunião da categoria” afirma Freitas.

Para a maioria dos médicos, o objetivo do protesto é a melhoria das condições de trabalho e o reajuste dos salários. “A prefeitura está reformando apenas dois ou três postos de saúde, mas, a grande maioria, encontra-se sem condições físicas para trabalho” diz o médico do PSF do bairro do São Francisco, Ednaldo Batista Araújo.
Os fatos vêm gerando insatisfação entre os médicos, que estão exigindo, através da paralisação, o cumprimento dos seus direitos. “Estamos há oito anos sem aumento. Foram várias tentativas de negociação com o secretário de saúde Antônio Carlos e com o prefeito Lula Cabral, desde agosto do ano passado. Nunca houve um canal de diálogo. Há três anos, os médicos lutam por condições humanas de trabalho, melhores salários e a possibilidade de proporcionar um atendimento de qualidade aos pacientes, porém muitas reivindicações ainda não foram solucionadas pela Prefeitura do Cabo”, denunciou o médico Lafayette Lemos, que, há dois anos, é Clínico Geral do PSF da Charneca.



ASSEMBLÉIA - A categoria realiza uma nova assembléia nesta sexta-feira, dia 4, na sede do Sindicato dos Trabalhadores do Cabo de Santo Agostinho (SINTRAC), a partir das 9h. Participam os médicos do PSF e dos ambulatórios. Na assembléia do dia 10 de janeiro deste ano, foi resolvido que as reivindicações dos médicos do PSF serão incorporadas na pauta de negociações do sindicato. Ainda não houve negociação com a prefeitura sobre a equiparação do salário-base dos diaristas com o dos plantonistas, de R$ 1.351,59 para R$ 1.973,01. O prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral, ainda não remarcou a reunião com representantes do SIMEPE e médicos do município para conversar sobre os problemas da saúde no Cabo. Devido à agenda do prefeito, as quatro reuniões, que foram marcadas, não aconteceram.

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