sábado, 21 de junho de 2008

Projeto de Mãos Dadas Ciranda Viva busca alternativas para melhorar relação de trabalho nos PSFs

Projeto de Mãos Dadas Ciranda Viva busca alternativas para melhorar relação de trabalho nos PSFs





Trabalhadores, usuários e movimentos populares passam a construir juntos uma nova dimensão de interação na Saúde

Por Tereza Soares

Uma idéia que aproxima o tratamento de saúde convencional às práticas populares e complementares (alternativas) de cuidado começa a tornar-se realidade em algumas das unidades do Programa de Saúde da Família, do Cabo de Santo Agostinho, região metropolitana do Recife. O projeto de Mãos Dadas Ciranda Viva, implantado pela Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho desde janeiro, vem provocando uma verdadeira "mudança de paradigma" na prevenção, recuperação e promoção à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, à luz de uma visão holística e do ser integral.

O projeto coordenado por Gustavo Cauás (consultor e terapeuta Integral) vem criando espaços de cuidados no ambiente e trabalho para os profissionais (cuidadores) que integram as unidades. Mos espaços onde antes eram apenas desenvolvidos trabalhos sistemáticos, atendendo as demandas cada vez maiores da rede de Saúde, passam a existir ambientes prazerosos onde é possível uma melhor integração da equipe com resultados que apontam para melhoria da condição de trabalho. São utilizadas técnicas de relaxamento, rodas de dialogo e outras alternativas, com o objetivo de fortalecer as relações humanas no local de trabalho, favorecendo o bem estar da equipe e da população.

Oficinas que são desenvolvidas dinâmicas de auto-cuidado, relaxamento, artesanato, técnicas de massagem, fitoterapia, grupo de Fala e Escuta (operativo) e diversas outras ações estratégicas são integradas ao espaço de cuidados estimulando a sensibilização, articulação e mobilização dos que compõem a gestão pública da saúde, segundo o conceito do SUS, além de trabalhadores inclui também os usuários, entidades dos movimentos populares e a população.

Cuidado com os Cuidadores

Os grupos de cuidados integrais nesta etapa de "cuidado com os cuidadores" são formados pelas equipes do PSF que definem os horários em que acontecem as atividades em conjunto com os parceiros dos grupos (CEREST, CESPRAT, PROMAPS e outros), semanalmente e/ou quinzenalmente.

No Cabo de Santo Agostinho já se formam grupos de cuidados integrais nos bairros da Torrinha, Gaibu, Engenho Novo e Alto do Sol e no CAPS AD. O projeto esta em implantação na unidade de saúde da família do Alto do Sol e no CAPS AD. "A intenção é que as quatro Regionais tenham grupos de cuidados que atendam a todos os bairros dessa área de abrangência", explica o terapeuta holístico Gustavo Cauás, responsável pela experiência piloto no Cabo.

Para implantar este projeto é realizada uma roda de diálogo com a equipe de Saúde da Família e com cada parceiro da rede de apoio ao grupo de cuidados integrais da qual fazem parte integrantes do CEREST (Centro de Referência de Saúde do Trabalhador), PROMAPS (Programa Municipal de Apoio Psicossocial – Secretaria de Administração), CESPRATE (Centro de Saúde Popular Raízes da Terra), CRSA (Centro de Referência em Saúde do Adolescente), Centro Cultural Mestre Dié, Academia da Cidade, Secretaria Municipal de Mobilização, Secretaria Municipal de Saúde e lideranças locais.

Na segunda etapa de "cuidando dos cuidadores" antes do grupo de cuidados integrais é realizada uma oficina na unidade de saúde da família onde a equipe é levada a relacionar os cuidados e descuidados como pessoa e como profissional no serviço. "Isso é importante para se construir o conceito do grupo de cuidados integrais em cada equipe", explica Gustavo Cauás. Na terceira etapa, enfim se constroem as atividades definindo como elas podem acontecer, horário e dia, parceiros em potencial, existentes e no que a equipe pode se responsabilizar para cuidar de si mesma.

Empoderamento

"Entre os resultados se percebe uma equipe mais amparada e cuidada, que tem uma integração maior com a gestão e a comunidade, construindo o lugar da autonomia, processo a que chamamos de empoderamento, para a construção dos seus próprios espaços dentro de uma melhor condição de trabalho e vida", completa o terapeuta.

A partir de junho, as equipes formadas no Cabo vão começar a envolver os usuários nos grupos de cuidados, através de representações locais e lideranças. O objetivo é trazer a comunidade para os espaços de cuidado, para que passem a observar as equipes dos PSFs não pelo cargo que ocupam como profissionais, mas como pessoas, "promovendo com isso a humanização na relação comunidade-equipe, equipe-comunidade e equipe-equipe", destaca.

Em paralelo a construção dos grupos de cuidados integrais para dar sustentabilidade a esta iniciativa esta em implementação à pesquisa dos movimentos e práticas populares do município (será entregue, ao Conselho Municipal de Saúde, Fórum de Entidades Populares, Secretaria Municipal de Saúde e Equipes do PSF), oficinas de formação em técnicas de relaxamento com os grupos de adolescentes e as enfermeiras e enfermeiros do município.

A previsão para o término do processo de implantação de grupos de cuidados integrais no Cabo é até julho, quando será realizado um evento com movimentos e práticas populares em saúde, trabalhadores, gestão e usuários. "Nesse momento estará ocorrendo a mostra das experiências dos movimentos e práticas populares em saúde, programas e ações do governo e dos trabalhadores de saúde, espaços de oficinas com movimentos sociais locais, entrega dos cadernos de experiência dos movimentos e práticas populares e apresentação das ações e resultados do projeto."


Fotos: João Barbosa





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